"FIRMITAS, UTILITAS et VENUSTAS" (Tríade Vitruviana)



segunda-feira, 23 de setembro de 2019

BOM, AINDA QUE INJUSTO

Charge prof. Zé Maria
José Antonio Lemos dos Santos
     Estranho o título, como uma coisa injusta pode ser boa? Em princípio não pode ser, mas tento explicar. Trata-se da decisão da CBF em suspender a Arena Pantanal pelas condições precárias de seu gramado até que a situação seja corrigida, colocando em risco a bela campanha do campeão mato-grossense na série “B” do campeonato brasileiro e expondo nossa maravilhosa Arena, Cuiabá e Mato Grosso a mais um vexame nacional, logo ela que poderia e deveria ser um maravilhoso e atrativo cartão postal do estado. Uma pena.
     Estão certos os que dizem que o gramado se encontra praticamente inviável hoje na faixa da pequena área do setor Norte indo de lateral a lateral. Pior, visto da arquibancada tem um aspecto lunar pois surgiram círculos desgramados com fundos claros destacados com o verde do restante do campo que está aparentemente bom. Desgramados tanto no sentido de sem grama como no velho sentido cuiabano de coisa ruim. Muito feio mesmo, em especial para uma Arena que já sediou com sucesso uma Copa do Mundo. O noticiário fala em fungos ou em praga. Para mim o certo é que foi uma praga de maus administradores.
     A injustiça está em que pela primeira vez depois da Copa o estado está olhando para a Arena Pantanal com alguma simpatia. Ela sempre foi vista como um problema que custou 600 milhões e não como um equipamento de alta sofisticação e grande potencial para o desenvolvimento de Mato Grosso em diversas áreas. Por coincidência está situação foi o tema de meu artigo na semana passada e me lembra uma antiga piada sobre dois irmãos, um pessimista e outro otimista, que acordaram da noite de Natal e cada um pegou o seu presente. O pessimista havia ganho uma bicicleta linda, e logo começou a amaldiçoá-la dizendo que ele não sabia andar, que ia cair, se ralar no tombo ou quebrar a perna, ou o braço, ou os dois juntos. Uma desgraceira. Já o pessimista havia ganho uma lata de dois litros daquelas antigas de banha cheia de estrume e saiu feliz da vida gritando pela rua: “Ganhei um cavalo! Ganhei um cavalo! Viva!!!”.
     A piadinha retrata bem o caso da Arena Pantanal. Só que justo agora que ela está recebendo algum tratamento não merecia um vexame de repercussão nacional como este. Outros aconteceram, como por exemplo o vexatório “apagão” na decisão da série “C” do campeonato brasileiro do ano passado, quando a Arena batia seu recorde de público até então na Copa do Mundo, com quase 45 mil pessoas presentes. Só não aconteceu uma tragédia porque o juiz foi compreensivo, esperou 90 minutos e não encerrou a partida com WO. E em especial porque o Bom Jesus é de Cuiabá. O fato é que a Arena pela primeira vez, ao menos seu gramado, dá mostras de estar recebendo algum tratamento e cuidados de seus administradores, principalmente depois da paralisação dos campeonatos para a Copa América. Sempre presente na Arena percebo que este pedaço que hoje está péssimo, estava muito pior no penúltimo jogo que assisti e o restante do gramado aparenta estar bom e também vem melhorando.
     O pior seria usar na Arena Pantanal aquele truque visto em muitos dos grandes estádios e arenas por este Brasil afora onde disfarçam a bagaceira com areia colorida de verde, e tudo fica aparentando bem. Seria enganar a nós próprios. O bom do susto com a atual suspensão da Arena é que, apesar de injusto no momento, a decisão da CBF permitirá uma solução mais completa para o gramado. O secretário-adjunto de esportes garante que até fim deste mês as placas de gramado para substituição estarão em Cuiabá e em mais 3 dias estarão instaladas e em condições de uso. E sem mais riscos para a bela campanha do nosso representante na série “B”. E, oxalá, sem mais vexames com a Arena.

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