José Antonio Lemos dos Santos
As eleições estão bem aí marcadas para os dias 15 e 29 de novembro deste ano bem como já estão nas ruas as candidaturas em especial as para vereador, ainda que discretas pois aguardam suas aprovações nas convenções partidárias. A regra geral para os candidatos é chegar primeiro para “beber água limpa”, isto é, chegar nos eleitores antes que outros concorrentes. Começam buscando familiares, colegas de trabalho, amigos, velhos colegas dos bancos escolares até então esquecidos, em suma, aquele conjunto de pessoas potencialmente formador do que seria seu capital político pessoal. Com base nesses laços pessoais acabam arrancando compromissos de difícil escapatória futura a partir de frases ditas sem muito pensar, quase sempre só para não ser desagradável. Aí mora o perigo.
Em 2017 houve a tão
necessária reforma política esperada para ser a mãe de todas as reformas, mas
que acabou mudando pouco. Em relação ao voto em si ficou quase tudo como antes.
Este ano a escolha será para os cargos de vereador e prefeito em eleições
proporcionais e majoritárias, que continuam para o eleitor basicamente do mesmo
jeito, só que sem aquela aberração das coligações dos partidos para as eleições
do legislativo. E esta foi uma mudança importante. Sabemos que os dois tipos de
eleição são necessários e existem nas democracias mais avançadas do mundo, uma
privilegiando o candidato individual e a outra a proporção em que se distribuem
as diversas correntes ideológico-partidárias no eleitorado.
O voto majoritário é simples,
para prefeito vencerá o candidato que tiver mais votos, em um ou dois turnos.
Já o voto proporcional não é tão simples assim. Nelas vota-se em listas de
candidatos oferecidas pelos partidos, através dos votos dados diretos aos
partidos ou aos candidatos nelas constantes, agora sem coligações. Nas eleições
proporcionais busca-se a distribuição dos eleitos na proporção da
representatividade dos partidos no universo eleitoral. Ocupam as cadeiras os
candidatos mais votados de cada lista, a maioria dos quais não é escolhida
diretamente pelo eleitor. Os outros ficam como suplentes. Assim, o cidadão
escolhe um candidato e seu voto pode eleger outro. Esta é a beleza das eleições
proporcionais, mas também seu mal entre nós pois aqui as listas dos candidatos
por partido não são facilitadas ao conhecimento do eleitor. Será que nestas
eleições algum partido terá a iniciativa de publicar com orgulho sua lista com
os nomes que oferecem à escolha do eleitorado?
Muitos pensam que as
eleições para vereador são as menos importantes. Grande engano! Ela forma a
base onde se apoia a política nacional. Votando em listas desconhecidas,
definidas e escondidas pelos caciques partidários, o eleitor escolhe um
candidato e pode eleger sem querer outro, mesmo um que queira banir da vida
pública. E assim são mantidos aqueles de sempre. O povo é enganado, forçado a
eleger e legitimar com seu próprio voto muitos dos que não queria eleitos ou
reeleitos. É ludibriado, paga a conta e ainda leva a culpa.
Nestas eleições
proporcionais a consciência do eleitor precisa estar mais alerta. Antes de nos
comprometer com o candidato parente, amigo, colega ou compadre, espere mais um
pouquinho. Aguarde a oficialização das candidaturas e torcer para que a Justiça
Eleitoral facilite ao eleitor as listas dos candidatos por partido, turbinando
a representatividade das eleições. Ou que algum partido aceite o desafio de
orgulhosamente publicar a sua. Podia ser no verso dos “santinhos” de propaganda
dos próprios candidatos. O verdadeiro amigo candidato entenderá. O voto é a
arma da cidadania. Aguarde um pouquinho mais.
Mais uma excelente aula para o leitor-eleitor que quer votar conscientemente e exercer plenamente a sua cidadania. Parabéns!
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