"FIRMITAS, UTILITAS et VENUSTAS" (Tríade Vitruviana)



domingo, 27 de março de 2011

Comentários ao artigo "Eu sou BRT"

Artigo do jornalista Mário Marques de Almeida no Diário de Cuiabá e Página Única do dia 27/03/11.



São duas siglas, até então desconhecidas da maioria (e bota maioria nisso!) da população cuiabana e que nos últimos dias passaram a ser alvo de uma queda-de-braço entre pessoas e grupos pertencentes à classe política e dirigente de Mato Grosso. Cada qual com seus prós e contras, e no meio disso tudo, sem saber quem está certo ou errado nessa disputa, fica a sociedade. Como sempre, distante de entreveros, a exemplo deste, onde o interesse público e o econômico se cruzam e se confundem ensejando, no mínimo, dúvidas em torno de tanta querela.

Apenas, a população já está consciente de uma coisa: a contenda não é pelo domínio de siglas partidárias, como, geralmente, acontece em brigas envolvendo pessoas do poder político e estatal. No caso e no momento, é por algo bem mais atraente.

Porém, a mesma população – novamente, em sua esmagadora maioria e disto estou certo – desconhece o significado exato das siglas BRT e VLT (apenas tem alguma informação esparsa de que se trata de coisa relativa a transportes coletivos), o motivo que gerou a celeuma, colocando de um lado o deputado José Riva (e aliados) e do outro, os diretores da Agecopa.

Diante dessa disputa toda, por enquanto mais restrita aos acima citados, os que deveriam estar mais diretamente interessados no assunto, ou seja, os usuários e potenciais usuários desses meios de transportes, ficam perdidos e sem saber qual é o melhor para Cuiabá: BRT ou VLT?

Eu também me incluo entre esses que assistem a briga (não de camarote, mas “ralando” em busca do pão de cada dia), até porque, confesso, não sou expert no assunto, mas apenas, eventualmente, usuário de coletivos como meio de locomoção e como tal, resolvi escarafunchar na internet em busca de subsídios sobre o assunto. Eis o que descobri:

“A sigla BRT são as iniciais da nominação inglesa Bus Rapid Transit, que, literalmente, significa: ônibus que circula rapidamente. Numa tradução mais livre e oportuna, o BRT é um sistema urbano de ônibus espaçosos, bi ou triarticulados, que trafegam em corredores exclusivos e interligados. Trata-se, de fato, de uma moderna modalidade de transporte de massa, em operação em mais de 120 grandes cidades do planeta com resultados mais que satisfatórios e aprovação da população usuária. São veículos de grande capacidade, com 160 a 270 lugares, portas duplas e largas à esquerda e direita. O BRT circula em canaletas e faz paradas em estações com piso elevado, garantindo e facilitando o acesso a todos – inclusive cadeirantes, idosos e crianças.

É o sistema em operação na cidade de Curitiba, tida como uma das mais modernas e bem resolvidas do País. Já funciona em Londres, em oito grandes cidades da China e foi implantado mais recentemente na África do Sul, em função da Copa do Mundo de futebol”.

Por outro lado, e a bem da verdade, com relação ao VLT, defendido pelo deputado José Riva, há pouca referência mais consistente na rede. Apenas que é a sigla para Veículo Leve sobre Trilhos, um trem menor que os ferroviários comuns e, conforme o próprio nome diz, mais leve que os tradicionais das ferrovias, e que também utiliza vias exclusivas com trilhos.

Das duas, uma: ou o lobbie do VLT é apenas forte em Mato Grosso, por conta da própria força política de Riva, ou então seus fabricantes e revendedores não foram competentes o suficiente para subsidiar as milhares de páginas do Google de informações capazes de competir com as disseminadas pelo BRT.
Mas, antes que me deixar levar por quaisquer lobbies, inclusive os por ventura plantados na internet, prefiro acreditar no que disse sobre essa questão o arquiteto, urbanista e professor universitário José Antonio Lemos dos Santos, em artigo publicado neste mesmo espaço, na edição de sexta-feira do Diário de Cuiabá, e onde ele se posiciona a favor do BRT como sistema que considera o mais eficiente para o transporte coletivo da Capital mato-grossense. Cidade onde nasceu Antonio Lemos e com a qual mantém forte vínculo sentimental e de trabalho técnico e de planejamento prestado ao longo de três décadas.
Ao menos para mim, com relação ao imbróglio BRT versus VLT, foi importante saber a opinião de Antonio Lemos, cidadão respeitado entre os profissionais da área em que atua e no meio acadêmico.
Quando a sociedade como um todo fica confundida sem entender a complexidade dessa discussão, é importante saber o que pensa alguém de fora desse contexto das instituições governamentais.

Comentários por e-mails:

Muito bom o seu artigo sobre o BRT, que agrega uma opinião técnica e isenta a uma discussão importantíssima para toda a população.
Confira o artigo postado em nosso site www.cuiaba2014.mt.gov.br como notícia (capa) e no espaço Pensando a Copa.
Valeu!
Abraços
E. R.

Lendo o Diário de Cuiabá de hoje dia 25 de março de 2011, sou levado a fazer uma coisa que não é meu costume.Parabenizo com V.S. pelo artigo " Sou BRT". Sou projetista, dos antigos e culpo exclusivamente à Prefeitura pelo estado anárquico que estão as nossas ruas.
Certo dia, conversando com o Presidente da época do CREA, sobre a situação das construções erradas que abundam em Cuiabá, simplesmente a resposta dele foi que não era atribuição do CREA. Meu Deus, se não for legalmente falando pois a missão do CREA como Conselho é fiscalização do exercício profissional, então não é obrigação fiscalizar as besteiras que se cometem até com placas de "responsáveis" pelas construções?
Para completar basta uma pequena passagem pelas ruas e veremos a quantidade de construções que estão sendo levantadas a bel prazer, sem placas, e sem a mínima verificação de um pretenso " plano diretor" que pelo visto, não existe mais.
Antigamente quando eu projetava, era obrigação na construção, de um recuo do meio fio para calça das de 2,50 e 5,00m para prédio residenciais; e 10m para prédios comerciais e lateralmente para cada lado, 1,50 de afastamento e a obra não pode ser construída na totalidade do terreno.
Agora, na nossa cara, na rua dos Girassóis, Bairro Jardim Cuiabá,em um período record, está sendo construído um aumento de uma clínica para treinar dentistas, com pré moldados e com aberrações técnicas que são inadmissíveis.
Existem bairros que estão sendo construídos que não se fazem mais fossas, mas tbem não existe tratamento para os esgotos e os dejetos estão sendo descarregados diretamente na rede de esgoto.
Bom isso todo mundo sabe, só a Prefeitura que não sabe.
E assim caminha a humanidade, tudo errado quando tem necessidade de se fazer uma obra tipo BRT é o caos, como desapropriar?
Vamos aplaudir Pedro Pedrossian e Jose Fragelli . Na hora de agir, age. E o exemplo aí está. Só que depois entortam tudo. Se não fosse a ação de Fragelli ainda estava tendo enchente no bairro "Terceiro".
Mas e agora? está certo? Quem autorizou?
Você ainda tem o jornal para se manifestar, outros como eu, fico gritando no deserto e me roendo de raiva.
cumprimentos.
N.  B. O. F.
José Antonio,
Concordo plenamente com você que o tipo de veículo a ser utilizado deva ser o ultimo aspecto a ser definido na concepção do sistema de transportes das duas cidades.
Entretanto, a minha opção diverge da sua em relação à essa polêmica do BRT x VLT. Acho que não existe uma alternativa melhor do que a outra, ma sim soluções mais ou menos adequadas para cada região com suas condiçõe específicas.
Acho, por exemplo, que o BRT vai muito bem em cidades como Curitiba, Bogotá ou Buenos Aires aonde a caixa viária disponível é muito mais larga do que as avenidas da FEB, Prainha e Av. do CPA. Essas situações se conformam bem quando o BRT tem um trajeto de acesso à cidade, como em uma Avenida Brasil do Rio de Janeiro, e não de trajeto inserido na região nevrálgica da cidade como no caso de Cuiabá e Várzea Grande ou em Sevilha, Bilbao, etc aonde foi implantado o VLT.
Os aspectos relacionados ao barulho, fumaça, fragmentação das avenidas em lados oposts e impacto visual seriam muito danosos, a meu ver, para a paisagem antiga do nosso Centro Histórico e a da modernidade da avenida do CPA.
Com o tempo avançando rapidamente, fico também preocupado com a adequação dos projetos de estações, dos elementos, passarelas ou passagens para a travessia dos pedestres entre os lados da pista e o BRT e da solução do conflito entre as duas linhas nas proximidades da Igreja do Rosário. Todas essa intervenções gerarão uma nova linguagem e identidade para a nossa cidade e o espaço de tempo para análise e elaboração das soluções pela população, cada vez fica menor.
Abs, C. M.
 
Gostei das ponderações.
Nturalmente não foi v. que expulsou de Cuiabá os projeistas do VLT,né?
Luiz
 
O que faço agora é apenas uma pergunta sem a intenção de levantar polêmica: por ser elétrico o VLT não seria o mais ecológicamente adequado? E quanto ao preço para implantação? VLT e BLT se equivalem?
E para não perder o tom de sempre: isso já não era para estar decidido e EM ANDAMENTO? A Copa é daqui a 3 anos e meio, não?!!!
Té manhão indecisos !!!
T.F.

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