"FIRMITAS, UTILITAS et VENUSTAS" (Tríade Vitruviana)



terça-feira, 3 de abril de 2012

LUZES DA COPA

José Antonio Lemos dos Santos

Foto Patrícia Parente

     Dias atrás, subindo a Avenida do CPA fui surpreendido com todas as janelas iluminadas no grande hotel da esquina com a Miguel Sutil, há muito tempo em construção. Como cuiabano e arquiteto fiquei emocionado, afinal, aquele grandioso edifício de belíssima arquitetura já parecia estar condenado a se tornar uma imensa ruína em um dos pontos visualmente mais importantes da cidade. Fascinado com a inesperada visão, pedi à minha filha, que me acompanhava no carro, que fizesse uma foto com seu celular. Pela rapidez da ação e o movimento de veículos na avenida naquela hora a foto ficou meio tremida, mas valeu como um registro daquele momento do dia 22 de março. Para mim, as primeiras luzes do brilho que será a Copa do Pantanal em 2014.
     Provavelmente os proprietários daquela obra tenham sempre se empenhado em retomar a construção, pois arriscavam-se a ser responsáveis por um mastodonte abandonado marcando negativamente a paisagem de um dos principais cartões postais de Cuiabá. Como cuiabanos, claro que não era o que pretendiam. Além de um audacioso empreendimento hoteleiro, aquela obra iniciada há tanto tempo destinava-se a ser um elemento embelezador da cidade, um ornato citadino, e não um monstrengo em ruínas. Veio então a Copa apontando para um salto nas demandas sobre a cidade, em especial, no ramo da hotelaria, um considerável estímulo adicional para a viabilização da retomada das obras, assim como para a reciclagem de outros antigos edifícios e a construção de novas torres no mesmo período. Até outro dia, fora o resort de Manso, eram 15 torres em construção e algumas já inauguradas. Outros empreendimentos são aguardados, uma vez que, além de sua consolidação como uma das sedes da Copa do Mundo de 2014, Cuiabá polariza hoje uma das regiões mais dinâmicas e produtivas do planeta, com negócios e interesses ligados em todo o mundo, por conseqüência com uma demanda hoteleira sempre aquecida.
     Mesmo que alguns empreendimentos do gênero impulsionados pela Copa já estejam em pleno funcionamento - gerando conforto aos visitantes, e emprego e renda aos habitantes da cidade - o velho edifício ainda inconcluso tem um significado especial pelo seu porte, qualidade arquitetônica, localização e forte presença na paisagem cuiabana por tanto tempo, mesmo quando com as obras paralisadas. Ainda que em testes, as luzes acessas de suas janelas simbolizam muito bem o início da colheita dos frutos da Copa. A grandiosa ruína, que parecia irreversível, está viva de novo e recupera seu destino de grande empreendimento hoteleiro e um dos mais belos edifícios de cidade. Em meio a tantos problemas, as luzes lembram que em breve todas as obras da Copa também estarão iluminadas e em funcionamento.
     Sou cada vez mais otimista com o legado da Copa para Cuiabá e Mato Grosso, ainda que com preocupações pontuais com as essenciais obras do aeroporto e dos eixos principais da mobilidade urbana. Mesmo que a cidade não aproveite todas as oportunidades trazidas pela Copa, receberá um volume de investimentos que jamais veria nas próximas décadas sem ela, investimentos públicos e privados, estes também significativos, que não podem ser desprezados. Aliás, a iniciativa privada saiu na frente e já temos as luzes de seus primeiros resultados. Por outro lado, nestas últimas semanas grandes e importantes obras públicas receberam suas ordens de serviço e começam a sair do papel, além da Arena e do sistema Mário Andreazza, iniciadas há mais tempo. O estímulo e a cobrança, os aplausos e as críticas da cidadania, às vezes necessariamente duras, tem grande importância no que já está acontecendo e no muito que ainda vai acontecer.
(Publicado em 03/04/2012 pelo Diário de Cuiabá, Turma do Êpa e Hipernotícias, e no dia 04/04/12 pelo Midianews)

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