"FIRMITAS, UTILITAS et VENUSTAS" (Tríade Vitruviana)



terça-feira, 11 de setembro de 2012

SEM FERROVIA, SEM VOTO

Porto de Setúbal
Terminal de Campo Grande
















     José Antonio Lemos dos Santos

     Logo no início desta campanha eleitoral o governo federal lançou o Programa de Investimentos em Logística (PIL) com seus projetos rodoviários e ferroviários para o Brasil nos próximos anos, deixando de fora a ferrovia para Cuiabá, projeto secular dos cuiabanos. Não adianta tapar o sol com peneira, é um fato, basta ir aos sites oficiais: o traçado da Ferronorte foi cortado em Rondonópolis faltando cerca de 200 Km para chegar a Cuiabá e 560 Km para chegar a Lucas. Pior, foi trocado por um outro de 1200 Km ligando Lucas (e depois Sapezal) a Goiás, com araguaias e xingús no caminho, desviando de Cuiabá e redirecionando o desenvolvimento de Mato Grosso para o estado vizinho, num autentico sequestro de lesa pátria mato-grossense. Como querer que Cuiabá se alinhe com quem não está alinhado com ela? 
     Tal troca é uma agressão não só aos cuiabanos, mas a todo o povo trabalhador mato-grossense, patrão ou empregado, do norte ou do sul, que há anos sofre todos os dias as perdas econômicas, ambientais e de vidas por falta dessa ferrovia. É, para mim, um tiro no pé do candidato do governo à prefeitura da capital mato-grossense e também uma traição à presidenta em seu importante programa, contaminado maquiavelicamente por interesses menores nos projetos em Mato Grosso.
     O corte da ferrovia em Cuiabá e a simultânea criação da FICO faz parte de um conjunto de ações articuladas que se desdobram há algum tempo e conduzem a uma nova divisão do estado, deslocando as centralidades regionais de Sinop para Lucas e de Cuiabá para Rondonópolis. Desse plano faz parte um processo de asfixia logística de Cuiabá: a duplicação da rodovia não avança (só de Rosário para cima), o aeroporto até ontem não teve concluída sequer a licitação para suas obras - mais de três anos após Cuiabá ter sido escolhida como sede da Copa! - e a ferrovia foi cortada. É natural cada um lutar por sua terra, desde que não sabote a terra do vizinho conterrâneo, ainda mais Cuiabá, a célula-mater do oeste brasileiro.
     Ao lançar seu grandioso programa logístico em pleno período eleitoral o governo federal certamente deseja que ele seja objeto dos debates eleitorais. Então, a nenhum cidadão ou candidato pode ser negado o direito de debatê-lo, a favor ou contra. No Paraná aconteceu a mesma coisa com o PIL, e o governo do estado ao invés de tergiversar exigiu e marcou reunião em Brasília para rever o assunto, enquanto os produtores protestam: “O Paraná não pode entregar todo o sistema de ferrovias e produção a outro Estado”. E aqui pode?
     Polo regional de uma das regiões mais dinâmicas do planeta ou uma futura Ouro Preto do agronegócio, essas são as alternativas para Cuiabá na discussão sobre a ferrovia. É um assunto de profundo interesse municipal para Cuiabá e Várzea Grande e é vital que seja enfrentado nestas eleições. Diz diretamente à vida de cada cidadão local, seus descendentes e patrimônios. Cuiabá é o grande encontro de caminhos que faz de Mato Grosso o estado de maior sucesso econômico do país. Sua ligação ferroviária é viável desde o antigo GEIPOT nos idos de 70, por que não seria agora? Mesmo que toda a exportação saia pelo norte, ainda assim mais da metade da produção de Mato Grosso – que é muito - fica no Brasil, passa e passará por Cuiabá, a não ser que essa carga seja desviada para Goiás, como querem. A carga que viabiliza a ferrovia de ida, viabiliza a ferrovia de volta para trazer o abastecimento de Mato Grosso com insumos, bens e serviços diversos com fretes e preços reduzidos, elevando a qualidade de vida de todos os mato-grossenses, não só dos cuiabanos. Por isso os trilhos chegarão a Cuiabá, ainda que alguns poderosos trabalhem sorrateiramente contra. 
(Publicado em 11/09/2012 pelo Diário de Cuiabá, Blog do João Bosquo, VGNotícias, PortalBrasilTransportes)




















4 comentários:

  1. Avante, José Antonio! Nenhum voto para quem não luta pelo progresso de Mato Grosso!Como você diz muito bem:
    "Como querer que Cuiabá se alinhe com quem não está alinhado com ela?
    Tal troca é uma agressão não só aos cuiabanos, mas a todo o povo trabalhador mato-grossense, patrão ou empregado, do norte ou do sul, que há anos sofre todos os dias as perdas econômicas, ambientais e de vidas por falta dessa ferrovia".

    Que você consiga muito apoio das forças políticas de Mato Grosso, é a grande esperança que temos.
    Grande abraço
    Maristella

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  2. Quis assim a natureza que o município de Rondonópolis esteja mais próximo do poder econômico brasileiro que Cuiabá, se não existisse essa cidade sem duvida a ferro norte teria rumo direto para a capital mato-grossense sem nenhuma escala, entretanto o estado não se resume a capital, e como já é de costume esta obra levara séculos para ser concluída. Cuiabá é o pulmão econômico de Mato Grosso, não existe logica deixar a capital sem essa ferrovia, mas a força econômica do interior mostra a mudança das forças politicas, ocorrência em muitos estados brasileiros, isso é valido, sendo que tudo envolve Cuiabá, o interior esta necessitando de uma grande estrutura, e sim se tornar dependente, como muitas cidades do interior de São Paulo já são. A Ferro norte vem para formar as grandes metrópoles no interior de Mato Grosso, a caminhar junto com a nossa querida Cuiabá. Funciona-se em outros estados, aqui pode funcionar também.
    Maycon Sales

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  3. Isso mesmo Maycon, sem medo de falar. Não há porque. Principalmente quando a gente está falando aquilo em que acredita e espera ser para o bem de todos. Seu comentário traduz o que venho querendo dizer sempre quando abordo este assunto. Mato Grosso é sucesso de norte a sul, leste a oeste e o progresso deve ser distribuído para todos, em todos os municípios e cidades. Por que excluir alguma? Sou contra os que tentam boicotar Cuiabá e Várzea Grande nesse processo de desenvolvimento, promovendo seu isolamento logístico. Quero a ferrovia em Rondonópolis (lutei muito por isso), como quero em Lucas, o mais rapidamente possível, e a ferrovia passando por Cuiabá é o caminho mais curto (metade) para ligar essas duas cidades. Quero que a carga do norte que vai para o sudeste brasileiro alimente o terminal de Rondonópolis e não o de Campinorte em Goiás, e os trilhos que vão levar essa riqueza possam trazer também para Cuiabá e todo Mato Grosso os insumos, bens e produtos diversos com fretes mais baixos, menos poluição e perdas de vidas, com preços mais baratos para o cidadão mato-grossense. Que venha até a FICO, mas não cortem a nossa ferrovia, que acho a mais viável e importante para o estado. E vamos nos encontrar na série B ano que vem com Santos Palmeiras, Luverdense e Cuiabá. eh eh

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  4. A luta é valida, os trilhos tem que chegar em Cuiabá, mas ao mesmo tempo tem que acabar com toda essa dependência do interior pela capital...
    A torcida pelo Luverdense e Cuiaba também é grande, já que o ultimo mato grossense na serie B foi o Barra do Garças, ano que vem vai amargar a fraca serie B do estadual, mas com todo respeito, o Santos um dos maiores clubes do mundo, não tem nem logica de participar da serie B do campeonato brasileiro, o Palmeiras grande no Brasil, mas já caiu uma vez já sabe o caminho, mas o Santos FC, com Neymar e Muricy Ramalho, e sua estrutura fantástica, seria o fim do futebol profissional.
    Maycon Sales

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