José Antonio Lemos dos Santos
Nem a merecida vitória do Luverdense sobre o campeão do mundial na semana passada em Lucas do Rio Verde, nem a liderança do Mixto na série “D” do campeonato nacional foram suficientes para conter minha indignação como mato-grossense e cuiabano contra o DNIT que agora, às vésperas da Copa, resolveu entrar em greve não pagando as obras da travessia urbana na capital de Mato Grosso compromissadas de data marcada com o mega evento planetário e tão importantes para a vida da cidade. Uma greve parcial é claro, pois o pagamento dos salários dos funcionários do órgão deve estar seguindo normalmente. Semana passada, junto com a alegria que nos deu o Luverdense – e não importa o que acontecer amanhã no jogo de volta no Pacaembu - veio a notícia de que a Trincheira da Jurumirim está paralisada há 3 meses por falta dos repasses do DNIT, irresponsabilidade federal que vem sendo coberta com recursos do estado, o qual não tem condições de prestar este socorro em todas as obras do complexo da travessia durante tanto tempo.
Sucedâneo do antigo DNER, o DNIT é o órgão responsável pela precária e caótica logística de transportes no Brasil, muito pior em Mato Grosso. Na verdade o DNIT representa a continuidade histórica de décadas de pouco caso e menosprezo para com Mato Grosso por parte do governo federal na área de transportes. Basta lembrar a situação da Cuiabá-Santarém, não concluída até hoje depois de mais de 4 décadas de seu lançamento. Aliás, grande parte do que existe hoje foi feita pelo governo estadual que assumiu a obrigação federal e pavimentou por conta própria a BR-163 de Cuiabá a Sinop, e a BR-070 de Barra do Garças a Cáceres, passando pela capital. Foi na época do então governador Júlio, usando recursos conseguidos pelo seu antecessor Frederico, viabilizados pelo então senador Roberto, todos Campos, embora sem parentesco entre eles como diz a história. Lembro que o então presidente João Figueiredo chorou ao discursar em Sinop ao inaugurar o asfalto até Cuiabá. Emocionado ficou de ressarcir o estado pela grande obra e até hoje nada, a não ser a dívida e seus juros.
Seguindo a tradição, o DNIT é o órgão que conseguiu gastar 8 anos para concluir 13 Km de duplicação na Serra de São Vicente. Quanto tempo demorará o mesmo serviço entre Rondonópolis e Posto Gil? Será que a greve também paralisa estas obras? Quantos terão ainda que morrer em nossas rodovias? Ao mesmo tempo a ferrovia não sai de Rondonópolis rumo a Lucas a apenas 560 km, o povo morre, o produtor sofre, o meio ambiente degrada e o estado campeão nacional em produção agropecuária perde na competitividade de seus produtos que se desperdiça pelos caminhos. É o DNIT que nos humilha cada vez que um usuário de qualquer das BRs comenta que é só sair de Goiás ou Mato Grosso do Sul e entrar em Mato Grosso que as estradas acabam. Lá fora um tapete, aqui o descaso. Só nos resta engolir seco a sem-graceira.
Agora com a Copa, apareceu a oportunidade do Dnit realizar alguma coisa também importante por Mato Grosso, nem que seja pela obrigação moral da fazer bonito perante os olhos globais. A travessia urbana com as obras de interseção na antiga Perimetral e o novo Rodoanel são projetos de imenso impacto para Cuiabá. Justamente agora o DNIT entra em greve. Estranha-me também não se ouvir de nenhum dos nossos representantes políticos locais, estaduais e federais, ou outras lideranças qualquer protesto. Deixaram chegar a 3 meses este absurdo que significa mais que atraso nas obras, mas prejuízos para empresários, desconforto e sofrimento para a população. A pequena, pacata e simplória Cuiabá ganhou com a Copa um grande premio lotérico e tem direito a recebê-lo. Parece que ainda tem gente contra isso.
(Publicado em 27/08/2013 pelo Diário de Cuiabá)
Nem a merecida vitória do Luverdense sobre o campeão do mundial na semana passada em Lucas do Rio Verde, nem a liderança do Mixto na série “D” do campeonato nacional foram suficientes para conter minha indignação como mato-grossense e cuiabano contra o DNIT que agora, às vésperas da Copa, resolveu entrar em greve não pagando as obras da travessia urbana na capital de Mato Grosso compromissadas de data marcada com o mega evento planetário e tão importantes para a vida da cidade. Uma greve parcial é claro, pois o pagamento dos salários dos funcionários do órgão deve estar seguindo normalmente. Semana passada, junto com a alegria que nos deu o Luverdense – e não importa o que acontecer amanhã no jogo de volta no Pacaembu - veio a notícia de que a Trincheira da Jurumirim está paralisada há 3 meses por falta dos repasses do DNIT, irresponsabilidade federal que vem sendo coberta com recursos do estado, o qual não tem condições de prestar este socorro em todas as obras do complexo da travessia durante tanto tempo.
Sucedâneo do antigo DNER, o DNIT é o órgão responsável pela precária e caótica logística de transportes no Brasil, muito pior em Mato Grosso. Na verdade o DNIT representa a continuidade histórica de décadas de pouco caso e menosprezo para com Mato Grosso por parte do governo federal na área de transportes. Basta lembrar a situação da Cuiabá-Santarém, não concluída até hoje depois de mais de 4 décadas de seu lançamento. Aliás, grande parte do que existe hoje foi feita pelo governo estadual que assumiu a obrigação federal e pavimentou por conta própria a BR-163 de Cuiabá a Sinop, e a BR-070 de Barra do Garças a Cáceres, passando pela capital. Foi na época do então governador Júlio, usando recursos conseguidos pelo seu antecessor Frederico, viabilizados pelo então senador Roberto, todos Campos, embora sem parentesco entre eles como diz a história. Lembro que o então presidente João Figueiredo chorou ao discursar em Sinop ao inaugurar o asfalto até Cuiabá. Emocionado ficou de ressarcir o estado pela grande obra e até hoje nada, a não ser a dívida e seus juros.
Seguindo a tradição, o DNIT é o órgão que conseguiu gastar 8 anos para concluir 13 Km de duplicação na Serra de São Vicente. Quanto tempo demorará o mesmo serviço entre Rondonópolis e Posto Gil? Será que a greve também paralisa estas obras? Quantos terão ainda que morrer em nossas rodovias? Ao mesmo tempo a ferrovia não sai de Rondonópolis rumo a Lucas a apenas 560 km, o povo morre, o produtor sofre, o meio ambiente degrada e o estado campeão nacional em produção agropecuária perde na competitividade de seus produtos que se desperdiça pelos caminhos. É o DNIT que nos humilha cada vez que um usuário de qualquer das BRs comenta que é só sair de Goiás ou Mato Grosso do Sul e entrar em Mato Grosso que as estradas acabam. Lá fora um tapete, aqui o descaso. Só nos resta engolir seco a sem-graceira.
Agora com a Copa, apareceu a oportunidade do Dnit realizar alguma coisa também importante por Mato Grosso, nem que seja pela obrigação moral da fazer bonito perante os olhos globais. A travessia urbana com as obras de interseção na antiga Perimetral e o novo Rodoanel são projetos de imenso impacto para Cuiabá. Justamente agora o DNIT entra em greve. Estranha-me também não se ouvir de nenhum dos nossos representantes políticos locais, estaduais e federais, ou outras lideranças qualquer protesto. Deixaram chegar a 3 meses este absurdo que significa mais que atraso nas obras, mas prejuízos para empresários, desconforto e sofrimento para a população. A pequena, pacata e simplória Cuiabá ganhou com a Copa um grande premio lotérico e tem direito a recebê-lo. Parece que ainda tem gente contra isso.
(Publicado em 27/08/2013 pelo Diário de Cuiabá)
Professor José Antonio Lemos dos Santos, saudações.
ResponderExcluirEmbora a sua plausível indignação acerca do atraso nas obras e pagamentos, detalhes de sua postagem devem ser refutados.
Há o corte de ponto dos servidores do DNIT. Portanto, os salários não estão sendo pagos.
As solicitações dos Servidores do DNIT são, assim como as suas indignações, também plausíveis. Uma década de fundação sem estruturação, sem a devida divisão organogrâmica, com vencimentos muito abaixo das carreiras equivalentes em outros órgãos da União, sem a menor valorização do quadro de servidores, extremamente defasado numericamente, dentre tantos outros problemas e empecilhos que poderiam ser aqui elencados.
São, inclusive, estes problemas do órgão que possibilitam muitas das defasagens na construção e manutenção das malhas rodoviárias apontados acertadamente pelos cidadãos.
Imagine que os seus vencimentos fossem 40% menores que o do seu colega professor universitário, detentor das mesmas qualificações e pago pelo mesmo empregador, tendo Vossa Senhoria que se desdobrar em manter um desempenho por quatro professores de igual situação.
Esta é a realidade dos servidores do DNIT: recebem 40% a menos que os servidores de cargos e funcionalidades equivalentes, sendo apenas 25% do quadro mínimo necessário de servidores e sem nem mesmo sermos adequadamente atendidos pela Presidência e pelo MPOG.
Finalmente, estamos ansiosos pela revisão de seu juízo de valor sobre os servidores do DNIT, bem como contamos com o seu apoio nessa nossa causa.
Atenciosamente,
Servidores do DNIT