MOACYR FREITAS - é arquiteto e membro do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso
É importante saber que também outros colegas observam a pouca urgência ou descaso que sofre nossa capital no trato da sua parte mais querida.
Várias vezes tenho escrito o meu lamento; magoado; vendo o desprezo que dão a minha cidade natal.
Aqueles que me conhecem sabem da minha atividade como profissional ativo que fui. Hoje, pela idade, apenas coisas escritas posso oferecer. São mais lamentos do que outra coisa.
Leio o que escrevem outros colegas, como José Antônio Lemos, e suas palavras tocam-me ao reconhecer que estão eles também provocando os insensíveis governantes para corrigirem o rumo que vêm dando no trato da nossa cidade envelhecida.
O tempo vai passando e nada de concreto acontece em relação a revitalização do seu patrimônio histórico cultural. Não é por falta de informação histórica.
Quantos novos cuiabanos gostariam de reconhecer os lugares históricos de sua cidade natal?! Não me refiro aos turistas, mas aos nossos nativos que não veem reconhecidos os lugares onde seus antepassados realizaram seus relevantes feitos contados na história. Por que não são revelados?
Daí, porque ainda insistimos com nossos governantes para que se esforcem, se apressem para dar-lhes essa resposta. Para não ficar “parecendo que não existe nada lá atrás”, como escrevera assim nossa colega professora da UFMT, Luciana Mascaro.
Quantos lugares que nenhuma referência a eles aparece! Como:
- O beira-rio de São Gonçalo Velho, com a história de suas capelas primitivas, a do primeiro local e a do bairro do Porto, hoje com a imagem do santo padroeiro;
- A antiga Cervejaria Cuiabana do Porto, cujas dependências ainda existem. Ela foi muito ligada à história da cidade;
- Gasômetro do Porto, que localizei seus restos construtivos semi-enterrados, próximo ao camelódromo da av. Prainha;
- Deveriam estar no Museu Histórico de Mato Grosso sessenta telas (60x80 cm), que mostram a história de Mato Grosso no seu período colonial e provincial, numeradas em sequência histórica. Última vez que as vi, pouco mais de vinte estavam expostas. Mesmo assim, misturadas a outras coisas, sem a ordem numérica. Nenhum outro Estado da Federação tem sua história contada em telas, observara, certa vez, uma professora de história da UFMT.
Nesse mesmo Museu, está a miniatura do bonde puxado por burros que existiu em Cuiabá no início do séc. XX. Ninguém comenta ter visto essa miniatura! Eu mesmo a construí e doei ao Museu, protegido numa redoma de vidro. Será que ainda lá existe?
- A antiga hidráulica do Porto. Ainda está lá o abrigo das máquinas com acesso e tudo, próximo ao Museu do Rio e Aquário. Lembraram e restauraram a Caixa D’água Velha, mas esqueceram dela, a primeira hidráulica;
- O histórico Cemitério do Cai-Cai... O local dele, hoje é uma pracinha margeando a Rua São Sebastião, que ocupa apenas a metade da área.
- A Casa da Pólvora no Parque Mãe Bonifácia, onde ficavam isolados os variolosos da epidemia que assolou Cuiabá, após a Retomada de Corumbá na Guerra com o Paraguai;
- Muitas edificações no Centro Histórico estão ligadas à história da cidade, algumas foram lembradas... Vê-se outras ainda com possibilidades de preservação, antes que desmoronem, como aconteceu com a residência do historiador Rubens de Mendonça. Acredito que no antigo Largo do Sebo, Praça da Mandioca ou Conde de Azambuja, estejam ainda lá a Casa de Fundição de Cuiabá do séc. XVIII;
- A Santa Casa de Misericórdia... Seu primeiro pavilhão é do séc. XVIII;
- E as igrejas!... Quanta história! É preciso mostrá-la, assinalando os locais nas praças com placas elucidativas, com banco e chafarizes próximos, por causa do calor. Para sua contemplação e meditação. Que tenha boa iluminação e bem vigiadas, diuturnamente.
Vamos amar de verdade nossa Cuiabá.
Esqueçam um pouco os passos da política; ela só perturba o rumo e o ritmo da administração, tirando atenção dos governantes a sua verdadeira missão. Infelizmente, não podemos impedir isso. Que pena! Continuamos esperando...
(Publicado em 18/11/2013 pelo Midianews)
É importante saber que também outros colegas observam a pouca urgência ou descaso que sofre nossa capital no trato da sua parte mais querida.
Várias vezes tenho escrito o meu lamento; magoado; vendo o desprezo que dão a minha cidade natal.
Aqueles que me conhecem sabem da minha atividade como profissional ativo que fui. Hoje, pela idade, apenas coisas escritas posso oferecer. São mais lamentos do que outra coisa.
Leio o que escrevem outros colegas, como José Antônio Lemos, e suas palavras tocam-me ao reconhecer que estão eles também provocando os insensíveis governantes para corrigirem o rumo que vêm dando no trato da nossa cidade envelhecida.
O tempo vai passando e nada de concreto acontece em relação a revitalização do seu patrimônio histórico cultural. Não é por falta de informação histórica.
Quantos novos cuiabanos gostariam de reconhecer os lugares históricos de sua cidade natal?! Não me refiro aos turistas, mas aos nossos nativos que não veem reconhecidos os lugares onde seus antepassados realizaram seus relevantes feitos contados na história. Por que não são revelados?
Daí, porque ainda insistimos com nossos governantes para que se esforcem, se apressem para dar-lhes essa resposta. Para não ficar “parecendo que não existe nada lá atrás”, como escrevera assim nossa colega professora da UFMT, Luciana Mascaro.
Quantos lugares que nenhuma referência a eles aparece! Como:
- O beira-rio de São Gonçalo Velho, com a história de suas capelas primitivas, a do primeiro local e a do bairro do Porto, hoje com a imagem do santo padroeiro;
- A antiga Cervejaria Cuiabana do Porto, cujas dependências ainda existem. Ela foi muito ligada à história da cidade;
- Gasômetro do Porto, que localizei seus restos construtivos semi-enterrados, próximo ao camelódromo da av. Prainha;
- Deveriam estar no Museu Histórico de Mato Grosso sessenta telas (60x80 cm), que mostram a história de Mato Grosso no seu período colonial e provincial, numeradas em sequência histórica. Última vez que as vi, pouco mais de vinte estavam expostas. Mesmo assim, misturadas a outras coisas, sem a ordem numérica. Nenhum outro Estado da Federação tem sua história contada em telas, observara, certa vez, uma professora de história da UFMT.
Nesse mesmo Museu, está a miniatura do bonde puxado por burros que existiu em Cuiabá no início do séc. XX. Ninguém comenta ter visto essa miniatura! Eu mesmo a construí e doei ao Museu, protegido numa redoma de vidro. Será que ainda lá existe?
- A antiga hidráulica do Porto. Ainda está lá o abrigo das máquinas com acesso e tudo, próximo ao Museu do Rio e Aquário. Lembraram e restauraram a Caixa D’água Velha, mas esqueceram dela, a primeira hidráulica;
- O histórico Cemitério do Cai-Cai... O local dele, hoje é uma pracinha margeando a Rua São Sebastião, que ocupa apenas a metade da área.
- A Casa da Pólvora no Parque Mãe Bonifácia, onde ficavam isolados os variolosos da epidemia que assolou Cuiabá, após a Retomada de Corumbá na Guerra com o Paraguai;
- Muitas edificações no Centro Histórico estão ligadas à história da cidade, algumas foram lembradas... Vê-se outras ainda com possibilidades de preservação, antes que desmoronem, como aconteceu com a residência do historiador Rubens de Mendonça. Acredito que no antigo Largo do Sebo, Praça da Mandioca ou Conde de Azambuja, estejam ainda lá a Casa de Fundição de Cuiabá do séc. XVIII;
- A Santa Casa de Misericórdia... Seu primeiro pavilhão é do séc. XVIII;
- E as igrejas!... Quanta história! É preciso mostrá-la, assinalando os locais nas praças com placas elucidativas, com banco e chafarizes próximos, por causa do calor. Para sua contemplação e meditação. Que tenha boa iluminação e bem vigiadas, diuturnamente.
Vamos amar de verdade nossa Cuiabá.
Esqueçam um pouco os passos da política; ela só perturba o rumo e o ritmo da administração, tirando atenção dos governantes a sua verdadeira missão. Infelizmente, não podemos impedir isso. Que pena! Continuamos esperando...
(Publicado em 18/11/2013 pelo Midianews)
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