"FIRMITAS, UTILITAS et VENUSTAS" (Tríade Vitruviana)



sábado, 9 de novembro de 2013

SERÁ QUE ESTOU AJUDANDO?


 Midianews

Moacyr Freitas

Sabemos que a cidade vive dos que vivem nela. É muito certa essa afirmativa. Por que, então, não tratar bem as pessoas que andam a pé pela cidade e que dão animação e vigor a ela?
Diante das inúmeras desatenções a essas pessoas é que cheguei a conclusão de que algo está mal focalizado na administração da nossa cidade. Numa análise da administração senti muito pouco aplauso a ela porque a estrutura do seu governo não visa o objetivo imediato de satisfazer as pessoas no que lhes toca mais de perto.

Vê-se muita preocupação com aquelas que estão dentro dos seus meios de transportes, os automóveis; por onde estes transitam e onde estacionam. Porém, nenhuma ou pouca preocupação com aquelas outras que andam a pé.

Sabemos que não se atinge todos os lugares dentro de veículos. Por isso os caminhos dos pedestres devem ser bem mais cuidados para dar satisfação aos que transitam por eles. Porém, isso não se vê por aqui. 

Muita atribuição a uma mesma secretaria faz com que ela se torne dispersiva. A importância dos pedestres é tanta que mereceria um departamento exclusivo para cuidar apenas deles. São eles os responsáveis pela vida da cidade. 

São as pessoas que caminham pelas calçadas, pelas praças, jardins, largos e parques...Deve-se cuidar para que neste caminhar não sofram, não se aborreçam, mas sintam satisfação de andar na cidade onde nasceram ou escolheram para morar e viver.

Solucionando apenas outros problemas, foge-se da mais importante para o louvor imediato da ação do prefeito. Ainda que outras atenções sejam necessárias, elas não tocam de perto no sentimento da maioria dos moradores efetivos da cidade que, sentindo-se desprezados, não aplaudirão a administração.

Os pedestres merecem atenção imediata porque eles estiveram na frente para construir a cidade, para formarem a sociedade. Os transportes coletivos vieram depois.

A estrutura administrativa deveria ser dividida em duas vertentes apenas: das pessoas saudáveis e das pessoas sem saúde perfeita. As saudáveis, naturalmente, usufruiriam com satisfação de todo equipamento social criado para elas. Para dar vida à sociedade. As adoentadas seriam tratadas com equipamentos outros apropriados para seu pronto restabelecimento. Teríamos assim, uma administração cuidadosa, para o bem-estar da população e não para o seu desassossego. 

O começo seria por onde as pessoas andam; pelas escolas onde suas crianças estudam; pelos espaços onde buscam seu lazer; por onde os mais idosos encontram convívio saudável de muita paz, carinho e tolerância.
Depois, os cuidados maiores com transportes coletivos e de cargas tão necessários para grandes distâncias e abastecimento da cidade. Os dois poderiam ser tratados simultaneamente.

Porém, repetindo, a atenção imediata deve ser dada para os que andam a pé. São os cuidados que se devem ter com as calçadas, com pisos apropriados, retirando deles os entraves que atravancam ou causam acidentes e poluições aos que nelas caminham. Deve-se dotá-las com arborização apropriada e de arbustos que lhes deem sombras e ainda cobertura vegetal de áreas para absorção do calor. Nos largos e praças, beneficiar as pessoas amenizando a temperatura do ar com borrifos de águas de chafarizes ou com as prazerosas presenças de lâminas d’água em pequeno ou sinuoso lagos, ou a visão maior de água em abundância do rio e nos parques, onde as pessoas possam deles usufruir em passeios embarcados...

Observa-se que apesar de existirem lugares assim propícios, não chegaram neles esses tratamentos como ocorre com o Parque Mãe Bonifácia, o mais famoso, que não tem o seu esperado lago projetado. 

Acredito que estas lembranças poderão ser úteis aos que cuidam de nossa cidade, os que amam Cuiabá.

Todas as Administrações têm a clássica preocupação: educação, saúde, transporte e segurança. Contudo, esquecem da prioridade, aqueles mais antigos, descendência que montaram a sociedade para os que vieram depois.

Conclui-se que a atenção deveria partir do Centro Histórico e do Porto. 

“A cidade vive dos que vivem nela”. Observou nosso saudoso radialista cuiabano João Alves de Oliveira, meu prezado parente e amigo de infância e juventude.


MOACYR FREITAS é arquiteto e membro do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso
(Publicado em 07/11/2013 pelo Midianews)

4 comentários:

  1. Sensacional a forma serena e lúcida de abordar este tema tão importante, deste nosso querido e grande arquiteto de Cuiabá... Quem me dera tê-lo Prefeito!!! Nossa cidade seria muito... Muito melhor!!!

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  2. O que é trivial para os arquitetos é também conto de fada para os políticos de plantão no executivo, ao longo das décadas, totalmente divorciados da palavra urbanismo, salvo raras raríiissimas exceções. Essa é a dura realidade.

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  3. Realmente uma reflexão importantíssima, pois é lamentável a situação atual das calçadas pelas quais circulamos. Se nós "perfeitos" já encontramos muitas dificuldades em circular pelas ruas centrais, imaginem aqueles que possuem mobilidade reduzida!!! Vamos torcer para que Cuiabá, através do PAC Cidades Históricas, execute projetos para a requalificação da área central da cidade, garantindo acessibilidade a todos os cidadãos.

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    1. Perfeitos Larissa, Eduardo e anonimo. Acho que nós arquitetos e arquitetas deveríamos sempre torcer a favor do que nossa cidade precisa mas ir além mostrando às autoridades e ao cidadão a importância de alguns projetos importantes com esse das calçadas - que deveria ser básico nas discussões sobre mobilidade urbana - e de outros. Como faz o colega mestre Moacyr

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