José Antonio Lemos dos Santos
Pode até continuar existindo um pedaço de Mato Grosso mantendo seu nome, mas este estado campeão nacional de produção e potencialidades que conhecemos hoje, uma das principais fontes de alimentos para o mundo e uma voz cada vez mais forte e respeitada na federação brasileira, este estado que nos enche de orgulho deixará de existir. Houve um tempo em que eu era contrário às ideias de divisão do estado por patriotismo, amor à terra natal e essas coisas que pareciam tão antigas e distantes, mas que agora estão em alta com a ascensão conservadora no país. Embora estes motivos persistam, sigo contra as ambições divisionistas, porém por razões bem mais pragmáticas. Entre outras porque não precisa de mais governos um país que, em média, paga de impostos quase 40% de tudo que produz só para sustentar nos seus três poderes máquinas político-administrativas ineficientes e perdulárias. Certamente. Reduzi-los seria melhor.
Ainda mais se tratando de Mato Grosso, um estado que após séculos amargando dificuldades, hoje, se bem gerido, teria sobra em caixa para investir no aumento da qualidade de vida de sua gente, fora os recursos para bancar o custeio das estruturas administrativas, políticas e de prestação dos serviços públicos necessárias à sua subsistência. E é neste suado e valioso superávit, fruto do trabalho duro de todos os mato-grossenses, que a classe política está de olho grande e busca apoderar-se na sua insaciável sanha de poder e riqueza.
Na ânsia pela locupletação, as teses divisionistas caem como uma luva e são trabalhadas a pelo menos três décadas abertamente pelos mais destemidos ou disfarçadas pelo consentimento silencioso dos covardes, favoráveis, mas sem coragem para assumi-las. Ao invés de investir o excedente produzido pelo povo na promoção da qualidade de vida do próprio povo, querem “torrá-lo” em novas e faustosas pirâmides de cargos públicos sob seu domínio e manipulação. Por anos usaram um discurso embelezado por falácias que jamais convenceu qualquer parcela da população sem tempo no seu trabalho de sol-a-sol para estas artimanhas. Ademais o descrédito da classe política já era tanto que os divisionistas optaram por outra estratégia, mais ardilosa e sutil.
Pegaram o gargalo logístico, o problema mais grave e urgente do estado cuja solução é pleito unânime dos mato-grossenses, e habilmente o transformaram em uma ferramenta de desconstrução geopolítica. A logística virou “boi de piranha” com apenas uma sutil mudança no projeto ferroviário consolidado no Plano Nacional de Viação em lei pelo senador Vuolo e no contrato de concessão da Ferronorte: quietos, em uma nova malha ferroviária projetada segundo os interesses da pior política excluíram a Grande Cuiabá, mesmo com uma carga dirigida a ela estimada em 20 milhões de toneladas/ano. Excluídas Cuiabá e sua região metropolitana, natural polo integrador do estado, Mato Grosso se desmancha em três. História para os próximos artigos.
A redenção de Mato Grosso é abrir caminhos em todas as direções e modais, sem exclusões, benvindas a FICO e a Ferrogrão. A intenção de tirar Cuiabá da malha ferroviária estadual que se desenha nos subterrâneos do país com base em mentiras tecnicistas transforma os trilhos da esperança pela grandiosa vocação de Mato Grosso, em arma para destrui-lo. Não será preciso mais falar em divisão, daqui a pouco ela virá “naturalmente”. E, divididos, voltamos à rabeira da federação, sem voz e sem vez. A menos que a sociedade civil organizada da Baixada Cuiabana, 1/3 da população e do eleitorado mato-grossense com seus líderes leve seu grito direto ao presidente Bolsonaro, eleito contra a mentira e a corrupção. Sem excluídos. E as eleições vêm aí!
Perfeito José Antonio!
ResponderExcluirSem rancor com ninguém, apenas afirmando nossa força, somos grandes porque somos unidos, divididos enfraqueceremos. Viva Mato Grosso e todos que acolhemos nesta terra abençoada, como previu D. Bosco!
Exatamente isso que veja, artimanhas para a falência da região cuiabana. Desconsideram os cidadãos que aqui.moram e que são consumidores.
ResponderExcluirNa realidade vejo a intenção de cortar de vez a região do Araguaia.
Cleber Lemes No Gmail 10/08/20
ResponderExcluir17:19 (há 4 horas)
para mim
Boa Tarde Professor !
Excelente artigo, estamos juntos nessa luta não podemos ficar quietos, temos que fazer ouvir as nossas vozes ! Acorda Povo !
Ao invés de enxugar a máquina, querem aumentar mais cargos e aposentadoria absurdas , com o trabalho do povo Um abraço
Excelente artigo. É necessário que este clamor encha o ouvido dos poderosos!
ResponderExcluirEnviado ao Midianews em 11/08/20:
ResponderExcluir"Dos Santos 11.08.20 10h57
Parabéns pela bela explanação do artigo, professor. Percebo que poucas pessoas tem coragem de fazer essa abordagem e/ou falar abertamente sobre esse assunto. De fato, MT vem sendo veladamente planejado, há décadas, para ser "destruído" ou dividido naturalmente em três regiões. Parece que a grande região metropolitana de Cuiabá e toda baixada Cuiabana não existem. Simplesmente ignoram 1/3 do eleitorado estado, ignoram a confirmação de estudos de uma demanda de carga de 20 milhões de tonelada/ano; ignoram a região de maior economia do estado; Ignoram a luta de décadas do saudoso Vicente Vuolo para chegada da Ferronorte até Cuiabá, dando prioridades a projetos de ferrovias recentemente criados em outras regiões do estado. Cuiabá e a região metropolitana só têm a perder em investimento e desenvolvimento com isso, se tornando uma figura meramente representativa da capital, só mais um pólo do estado e não o principal. O pior de tudo é que não temos representantes políticos, atuantes no congresso para defender e fortalecer região mais populosa e antiga do estado."
"Bolsonaro, eleito contra a mentira e a corrupção" - INfelizmente - foi acreditando nisto que votei nele. Meu desanimo é total. Muito mas poderia ser feito se o Pais tivesse uma melhor atenção de nosso presidente, mas esta, infelizmente, está voltada para garantir a impunidade aos maus feitos de sua família.
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