Didi Lemos dos Santos
As reuniões eram sempre na nossa casa para fazer a programação. Onde iremos? Capinzal, Barra do Pari, Sucuri, Passagem da Conceição, Aricá, etc, onde tinha rios bons para banhos e margens boas para fazer o fogão, árvores com sombras e para armar redes. Sempre na maior alegria, sempre de 10 ou mais pessoas, e aí era resolvido o que cada um ia levar, mantimentos, carnes ou quase sempre peixes em abundância, rapaduras para a sobremesa. As comidas eram feitas em fogões armados com 3 ou 4 pedras, apelidados de “tacuru”, e as lenhas eram das árvores. Panelas, pratos, talheres eram levados nas mãos pois muitas vezes íamos a pé.
Saíamos em alta madrugada e enfrentávamos uma boa distância para chegarmos ao local onde passávamos um dia diferente, alegre, com os banhos de rio, que tínhamos que tomar cuidado para não ir ao fundo, mas quem sabia nadar, como a mamãe, que sabia nadar de todos os jeitos, era diferente.
Só íamos de caminhão “Vira Mundo”, que era do Altair xxxxxx, quando ele estava em Cuiabá, pois este amigo fazia viagens levando cargas para Poxoréo, Guiratinga, Gatinho (?), etc, lugares estes onde a garimpagem era grande, passando vários dias para chegar ao destino e voltar. Era namorado da senhorita Julieta xxxxxx, ex-miss Cuiabá e madrinha do Mixto Esporte Clube.
O Aricá que era de propriedade do senhor Felismino, casado com Nhanhazinha, prima de mamãe, era mais distante e assim só íamos de caminhão. Num desses dias saímos de lá bem de tardezinha e quando já era noite o caminhão quebrou e o Altair vendo que o estrago tinha sido grande e a luz era só do luar ele pediu que voltássemos a pé até o Aricá, mas quem quisesse podia dormir ali. Saímos todos de volta com aquele lindo luar, alegres contando histórias e assim a prima ficou assustada quando batemos à sua porta pedindo pouso. Ali acomodou toda a turma, até em cima da mesa onde a Célia dormiu. O grupo era sempre de moças, rapazes, crianças, mamãe, tia Mariana e outros.
Outro lugar distante era o Sucuri. Hoje está bem pertinho. Lá morava meu tio “Jonô”(?), o Abelardo, irmão do meu pai. Não havia necessidade de levar muitas coisas para o almoço pois tanto ele como a tia Luise nos recebiam com grande alegria. A peixada feita por ela não tinha igual pois os peixes eram fresquinhos tirados quase na hora daquele imenso rio em frente à casa. As lenhas para cozimento da comida eram colhidas do próprio lugar.
Numa dessas viagens ao Sucuri, na volta já à noite, o caminhão quebrou e a pousada foi numa casa (não me lembro o nome da dona) que nos atendeu prontamente, e assim os dormitórios foram improvisados em redes e até em couros secos de bois no chão, onde me lembro bem, os ratos faziam passeata em nós. Aí estavam as crianças e a moçada. Era susto a noite toda para nós. De vez em quando era aceso o fósforo para que eles fugissem. Não havia luz elétrica.
O Capinzal era mais perto e íamos a pé. Umas pessoas de cor nos recebiam, às vezes de surpresa, aquele bando de gente levando o necessário para o almoço. Havia uma sala grande e na vitrola as músicas eram tocadas para o baile durante o dia, mesmo porque a tarde retornávamos para casa. Nessa sala havia umas janelas para o quintal e a minha irmã Célia estava sentada em uma delas; o Otávio xxxxxx nosso acompanhante veio correndo e saltou de costa para sentar na janela onde ela estava. Assim ele passou do peitoril e com os braços abertos levou a Célia de costa para o chão onde havia um amontoado de pedras. Foi aquela correria para acudi-la e foi levada para a cama com fortes dores, e o pessoal da casa muito ligeiras passavam no lugar a salmoura, arnica, inclusive para beber. Foi um grande susto, a mamãe ficou muito nervosa.
O Otávio, sentindo-se culpado, até chorou pedindo desculpas. Depois disso não houve comentários, a Célia melhorou e o baile continuou. Ao terminar o dia voltamos para casa a pé, alegres e felizes por mais um domingo diferente. O banho no rio Capinzal, era perigoso, mas com cuidado, nós banhávamos. A família da casa ficava triste com nossa saída. Era só: “Voltem sempre.”
No lugar chamado “Passagem da Conceição” também era sempre visitado aos domingos por nós. Lá residia uma família “Curvo”. Hoje este lugar fica aqui perto, quase dentro de Cuiabá e ali existem restaurantes servindo um delicioso peixe pescado no próprio rio.
Gostei muito de ler esta estória!
ResponderExcluirBem que vc poderia postar umas fotos desse peixe fresco e do restaurante. Fiquei com água na boca!
Eu que trabalho com grama (mando abaixo umas dicas), literalmente gosto de ficar vendo a grama crescer, kkk.
Parabéns pelo blog!!
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