Mapa dos antigos projetos de anéis viários com traçado igual ou aproximado ao do futuro Rodoanel de Cuiabá. (skyscrapercity.com)
José Antonio Lemos dos Santos
Desde 2009, tão logo começaram a ser definidas as primeiras obras da Copa, venho salientando a importância de todas elas, afinal estarão entre os principais legados do grandioso evento para Cuiabá. Destaco em especial as interseções da Miguel Sutil, alertando sempre que só essas obras não serão mais suficientes para a solução atualizada desses pontos de conflitos. Projetadas há 10 anos pelo extinto IPDU da prefeitura, na gestão Roberto França com o arquiteto Raul Spinelli como superintendente do órgão, ainda que necessárias essas obras demandariam hoje ao menos 3 outras importantes intervenções de apoio para atingir o êxito esperado: a Avenida do Barbado, uma nova ponte no Coxipó nas proximidades do São Gonçalo Beira-Rio e a ligação da antiga estrada da Guia ao Trevo do Lagarto em Várzea Grande, com uma nova ponte sobre o rio Cuiabá no Sucuri, esta última intervenção prevista no projeto do Rodoanel de Cuiabá no trecho que chamo de Contorno Oeste para distinguir dos demais segmentos dessa grande obra.
Segundo o noticiário a ponte sobre o Coxipó já está quase pronta, e irá permitir a ligação de toda a populosa região sul do Coxipó aos centros de Cuiabá e Várzea Grande, passando pela Beira-Rio, Cristo Rei e aeroporto, desafogando sobremaneira a Fernando Correia. Importante obra que chegou a ser lançada pela prefeitura, também em uma das gestões de Roberto França. Não vi o projeto atual, mas espero que venha a ser uma via definitiva para a cidade e não apenas um desvio emergencial, como chegou a ser falado, o que seria uma pena.
Quanto a Avenida do Barbado, projetada e iniciada por Dante em fins dos anos 80 como uma das primeiras aplicações do conceito de “avenida-parque” no Brasil, ligando o CPA ao Coxipó e à Várzea Grande via Ponte Sérgio Mota, a Secopa informou que irá executá-la da Fernando Correia até a Archimedes Lima, mas que desistiu do trecho restante até o CPA. Estranha é a alegação de problemas ambientais e sociais, justo numa obra que visa resgatar e proteger o córrego do Barbado e a população de suas áreas de risco, as mesmas que também teriam feito o ex-prefeito Wilson Santos a abandonar o projeto. A Copa seria a chance para essa obra essencial para a cidade, descompressora da Avenida do CPA e esperada há décadas. Ao menos vai reiniciá-la. Sua continuação seria uma grande obra para o prefeito Mauro Mendes.
Na semana passada a Secopa anunciou a abertura de licitação para a retomada das obras do Rodoanel, obra do DNITT iniciada pela prefeitura de Cuiabá, mas paralisada em 2009, orçada hoje em R$ 346,0 milhões em seu total, toda duplicada, com pontes e viadutos, tal como deve ser e Cuiabá merece. O mais importante é que nessa retomada foi corrigida a prioridade de execução de seus trechos, passando o Contorno Oeste a ser a primeira etapa a ser construída, com extensão 11,43 Km e um prazo de 12 meses para conclusão. Realmente uma grande notícia. Sem essa ligação direta com o Trevo do Lagarto, o fluxo de veículos originário do norte e oeste do estado e do país pela estrada da Guia (MT-010) não teria outra alternativa que não a trincheira do Santa Rosa em construção. Não sendo dimensionada para esse fluxo adicional rodoviário a nova interseção ficaria bonitinha, mas engarrafada. Pior, durante os jogos da Copa. Uma vez concluído, o Contorno Oeste terá efeitos imediatos. Para os demais trechos integrantes dos 50 Km totais do Rodoanel, a prioridade imediata deve ser o Contorno Sul, a nossa Imigrantes, tão maltratada apesar de ligar 60% do país ao resto do Brasil através de 3 BR’s, com um tráfego diário próximo de 20 mil veículos leves e pesados, cujo sofrimento em prejuízos e acidentes assistimos diariamente nos telejornais.
(Publicado em 05/03/2013 pelo Diário de Cuiabá, ...)
Caríssimo José Antônio... Pergunta: A ocupação inevitável que ocorrerá circunscrita ao anel não irá causar em pouquíssimo tempo a ampliação do perímetro urbano e consequentemente elevação do custo/cidade?
ResponderExcluirCaro Chiletto,
ResponderExcluirCreio que sim, vai pressionar. Entretanto o problema desse acesso rodoviário noroeste da cidade (pela Guia) está colocado e aí a travessia do Cuiabá no Sucuri me parece a melhor alternativa, inclusive com projeto e dinheiro. Este Contorno Oeste tem essa justificativa, o que não acontece com o Contorno Norte, aquele que passa por trás do CPA e vai ao Sinuelo. Sempre me pareceu desnecessário, no mínimo discutível pois empurra a cidade para o Parque Nacional sem nenhuma funcionalidade visível, a não ser fechar o anel. Me parece que o Contorno Oeste ligado ao Contorno Sul (Imigrantes) já daria conta de segregar o tráfego rodoviário de passagem, além de reforçar o DI e a Zona de Alto Impacto de Cuiabá, sem excluir Várzea Grande do traçado da rodovia. Depois é uma questão de Gestão Urbana, que a meu ver é o nosso verdadeiro problema. A propósito, você sabe que o Perímetro Urbano de Cuiabá foi ampliado no ano passado, através de mais uma daquelas leis aprovadas sem ninguém saber, criando do Distrito do Sucuri e definindo uma Zona Urbana imensa para sua sede, chegando até o limite da Zona Urbana de Cuiabá, burlando assim a proibição de sua ampliação por 10 anos?
Caríssimo José Antônio,
ResponderExcluirSua resposta veio de encontro daquilo que quero comentar...
Acredito que devemos, e aí faço um convite ao colega, nos reunir com o presidente do CAU/MT, a fim de conversarmos sobre a fiscalização da nossa profissão.
Contrariamente ao que vem sendo feito pelo nosso pregresso conselho, que fiscaliza o profissional, nosso CAU/MT deve fiscalizar o exercício da profissão com base nas Resoluções 21 e 22 do CAU/BR.
O CAU/BR já disponibilizou ao CAU/MT todas as condições legais, administrativas e financeiras para implementar as ações necessária e importantes na área de fiscalização e gestão, que foram motivo da nossa eleição para representar nosso colegas Arquitetos e Urbanistas.
Estes fatos relatados pelo altivo colega não podem mais ocorrer se quisermos valorizar o exercício da nossa profissão em busca da proteção a sociedade.
Este tipo de ação promovida pelo poder executivo/legislativo – aumento do perímetro urbano - não ocorreria se o CAU/MT possuísse, como o CAU/BR o tem, um assessor parlamentar.
A eficácia da fiscalização, em face da natural limitação de recursos que todo o conselho profissional possui, deve se fundamentar na economia e eficiência, objetivando a maximização dos resultados.
Os instrumentos e mecanismos devem ser aperfeiçoados, no sentido de definir corretamente os objetivos, selecionar e utilizar adequadamente os meios e os recursos destinados às atividades e às ações do CAU/MT para obter melhorias no exercício de uma profissão, cujo profissional tem atribuições legais e responsabilidade pelo planejamento urbano das nossas cidades e, portanto, pela inclusão social.
Chiletto,
ResponderExcluirEu topo. Também acho que esse deva ser o papel dos Conselhos profissionais: antes de tudo, proteger a sociedade, assegurando a todos a competência legal e técnica.