José Antonio Lemos dos Santos
Cuiabá vive o melhor momento econômico de sua história. O que antes era apenas uma perspectiva teórica, hoje salta aos olhos do mais obtuso paralelepípedo esquecido sob o asfalto da Cândido Mariano, mas ainda não é percebido por setores governamentais, em especial as prefeituras de Cuiabá e Várzea Grande que insistem em não projetar e gerenciar a cidade para esse futuro formidável que já brota intenso e forte. Cuiabá por séculos apoiou a ocupação, defendeu e vem promovendo o desenvolvimento da vasta região que centraliza e que hoje é uma das mais produtivas do planeta. Até outubro passado Mato Grosso carreou para a balança comercial brasileira mais de 10,0 bilhões de dólares de superávit! Impulsionadora da região e ao mesmo tempo impulsionada por ela, Cuiabá está exuberante com centenas de obras públicas e privadas bem vindas a nos complicar o trânsito e a encher o ar com a poeira do progresso, com inaugurações e lançamentos de grandes empreendimentos, hotéis lotados, empregos sobrando e comércio bombando.
Na semana passada, além dos milhares de jovens atletas participantes das Olimpíadas Escolares, Cuiabá e o governador Silval Barbosa receberam a visita de uma delegação da China que veio confirmar o interesse daquele país na construção da ferrovia Rondonópolis-Cuiabá-Santarém, reafirmando a viabilidade do eixo da BR-163 e o antigo projeto da Ferronorte como futuro corredor continental multimodal de transporte, passando pelo centro do continente, ligando os portos amazônicos e platinos e chegando aos do Atlântico. Trata-se da ferrovia mais viável do mundo. Muito mais que a grandiosa, necessária e urgente esteira exportadora de grãos, essa ferrovia é um caminho de ida e volta. Além de levar aos portos exportadores a imensa produção mato-grossense, a ferrovia deixará no mercado interno parte significativa dessa produção que fica no Brasil. Servirá ainda de opção para escoamento da produção da Zona Franca de Manaus e mesmo como rota alternativa para os produtos chineses penetrarem o continente. Mais importante, porém, é que a ferrovia abastecerá as cidades mato-grossenses com as mercadorias e insumos que hoje chegam pelas rodovias caras, ambientalmente danosas, ceifadoras de vidas e produtoras de mutilados quando isoladas, sem o apoio de outros modais.
Uma das mais importantes notícias para o mato-grossense, afinal, a ferrovia já está praticamente em Rondonópolis, perto de Cuiabá e a 760 Km de Sinop pelo traçado da Ferronorte, e nesse trecho servirá diretamente Rosário, Nobres, Nova Mutum, Lucas e Sorriso, todas aguardando ansiosas a chegada dos trilhos para aumentar a competitividade produtiva e a segurança das rodovias. E de Sinop ao norte, um outro colar de cidades importantes serão beneficiadas. Pelos atuais projetos governamentais o norte de Mato Grosso seria atendido só pela FICO, que precisa sair do “zero” em Goiás para chegar a Lucas após 1400 Km de percurso. O lógico é fazer primeiro o trajeto que atraiu os chineses, mais curto, barato e ambientalmente mais conhecido, por isso tudo mais rápido, como pede a urgência logística.
As novas concessões ferroviárias no Brasil permitirão o compartilhamento dos trilhos por diversas empresas, e os terminais específicos para o agronegócio não impedirão outros para outros tipos de cargas em intervalos menores. Talvez até de passageiros. Empresas diferentes trabalhando com cargas diferentes em terminais próprios, esse é um modelo que permite ampliar os benefícios diretos das ferrovias a um número maior de municípios, com menores fretes, aumentando a acessibilidade da população a bens e serviços, elevando sua qualidade de vida. E é para isso que deve servir o progresso.
(Publicado em 04/12/2012 pelo Diário de Cuiabá)
José Antonio Lemos dos Santos, arquiteto e urbanista, é professor universitário aposentado . Troféu "João Thimóteo"-1991-IAB/MT/ "Diploma do Mérito IAB 80 Anos"/ Troféu "O Construtor" - Sinduscon MT Ano 2000 / Arquiteto do Ano 2010 pelo CREA-MT/ Comenda do Legislativo Cuiabano 2018/ Ordem do Mérito Cuiabá 300 Anos da Câmara Municipal de Cuiabá 2019.
"FIRMITAS, UTILITAS et VENUSTAS" (Tríade Vitruviana)
terça-feira, 4 de dezembro de 2012
OS CHINESES E A FERROVIA
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Ate estrangeiros conseguem observar que o melhor caminho para os trilhos é passando por Rondonópolis, Cuiabá ate Sinop e enfim penetrar no norte brasileiro, uma logística que a muito tempo estamos esperando que comece a pulsar no interior do estado levando a riqueza e trazendo a riqueza. Nosso estado que já é destaque, sem duvida tende um futuro mais promissor ainda, a ideia é boa espero que todos os políticos e a comunidade em geral também pensem isso.
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